É quase impossível encontrar uma definição completa e definitiva para a felicidade, mas é fato que, qualquer que seja a sua definição, estará associada aos estados de espírito com os quais atravessamos a vida. Podemos, inclusive, alongar a discussão a respeito da distinção entre ser feliz, estar feliz e sentir–se feliz, e sobre como a felicidade é diferente da alegria, que, por sua vez, é diferente da euforia.
Mas isso é complicar demais as coisas. O fato é que, se és feliz, então sentes-te feliz, e se tu estás feliz, também te sentes feliz, e esse sentimento de felicidade é, necessariamente, um estado de espírito, que pode ser duradouro, razoavelmente comum ou eventual.
Nesse caso, prefiro simplificar um pouco mais e trocar a palavra “felicidade” por “contentamento”, que defino como a capacidade de estar satisfeito (de adaptar–se) em qualquer situação. Esse tipo de contentamento não se explica pelas circunstâncias favoráveis e ou confortáveis, mas sim pela capacidade de exercer domínio sobre o estado de espírito de tal maneira que os fatores externos que o abalam sejam em número cada vez menor.
Contentamento é uma satisfação de dentro para fora. Vicente de Carvalho traduziu muito bem essa experiência do contentamento quando disse que a felicidade, essa árvore frondosa e cheia de frutos, existe sim, mas existe no lugar em que a plantamos, e o problema é que quase nunca a plantamos no lugar onde estamos.
A expressão mais comum para os infelizes é que serão felizes “assim que…”. Assim que arranjarem um emprego novo; um romance novo; um carro novo; uma casa nova; um chefe novo; e tanto mais, cada vez mais. Esse estilo de vida “assim que…” coloca a felicidade no futuro e perpetua o descontentamento, que impede a alegria de desfrutar o presente, as pessoas que temos em volta, as circunstâncias reais e imediatas que nos oferecem possibilidades de realização.
A palavra contentamento deriva do latim contentu (“contido”) e sugere a ideia de conteúdo. Nesse caso, contente é aquele que tem conteúdo em si mesmo ou que é capaz de usufruir o conteúdo da realidade na qual está inserido. Em outras palavras, em qualquer lugar, em qualquer companhia, e em qualquer circunstância existe possibilidade de contentamento mas somente para aqueles que sabem explorar a sua riqueza interior, ou as potencialidades do momento, ou ambas.
Um momento de contentamento é aquele em que tudo parece certo: não há necessidade de mudar o que estás a fazer, nem a pessoa com quem estás, nem o lugar onde te encontras.
Por Ed.René Kivitz – Vivendo com Propósitos
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